Arte marcial

vs

Desporto de combate

 

Muitas artes marciais orientais têm uma componente técnica que é funcional dentro de um dojo, mas que não se coaduna com o ambiente quotidiano. E por isso, um praticante tem de ter bem ciente as limitações reais da arte que pratica, para não se iludir.

 

Alguns kata (formas) que se estudam em algumas artes marciais são de carácter cultural mas pouco funcionais no combate real, não significando que no contexto da época em que foram criadas não fossem funcionais.

 

 Com isto não estou a opinar sobre a eficácia das artes marciais, como tendencialmente se faz quando se aborda esta temática; aliás, quando se estuda uma determinada arte marcial tem de ser inicialmente por gosto e não exclusivamente pela sua eficácia em combate.

 

Não são só as técnicas de combate que me seduzem; também são as tradições, a cultura, a mentalidade da época e o revivalismo marcial.

 

Nos desportos de combate, existem regras para preservar a integridade física dos atletas, que normalmente se aplicam no sentido de evitar o ataque a certas partes do corpo, precisamente por constituirem perigo.

Deste modo, o treino tem um condicionamento mental no sentido de não se utilizarem determinadas técnicas e golpes que atinjam essas partes (faltas).

 

O estudo das Artes Marciais como método de defesa pessoal, engloba técnicas que possivelmente seriam fatais a um agressor, e que, obviamente não são treinadas com o devido contacto real, o que faz com que os praticantes não conheçam a sensação de impacto real.

Treinar a perseverança e o controlo da dor é muito importante, pois numa situação real, pode ser a diferença entre a vida e a morte.

Sim, é muito bonito aplicar uns socos e uns pontapés, mas… e conhecer a sensação de impacto de um golpe sem encenações?

Nunca se viu competição entre “atletas”  de Krav Maga ou de Aikido, pois não?

Porquê? Porque supostamente os seus objectivos, surgem pelo simples facto de que num combate real não existem regras.

 

Por outro lado todos nós sabemos que quem treina, tem de sentir que realmente o que se aprendeu é eficaz.

Qual a maneira de o fazer? Através dos desportos de combate, pois podem-se aplicar golpes com contacto real, mas com regras e com protecções, tais como:

 Luvas, caneleiras, capacete, coquilha, bocal, etc, logo a integridade física dos oponentes fica salvaguardada.

 

A competição coloca duas pessoas igualmente bem treinadas, num frente a frente, coisa bastante diferente de uma situação em que um dia, tenham que se defender de um arruaceiro sem treino, se calhar já com uns copos, etc.

 

Claro que existem arruaceiros que mesmo sem treino são adversários difíceis, mas aí um indivíduo experiente que já tenha feito competição e esteja treinado a aplicar e a receber golpes, está claramente em situação de vantagem, porque tem experiência de contacto e consegue encaixar uns golpes sem desistir.
É esta a real diferença entre as Artes Marciais e os Desportos de Combate.

 

Portanto é inútil fazer comparações, pois todos os estilos de combate ou artes marciais são compatíveis e complementam-se, não existe melhor ou pior estilo.

Deste modo, é preciso separar; Arte marcial / estudo do combate.

 

A discussão de estilos de combate e artes marciais melhores e piores é coisa de iniciados, inexperientes, egocêntricos, profissionais do marketing ou facciosos.


A utilização de exemplos, deste ou daquele atleta, que combate com regras específicas, procurando com isso definir diferença de estilos numa situação real é... adivinharam! Coisa de iniciados, inexperientes, egocêntricos, profissionais do marketing ou facciosos!

 

Para concluir, todos os praticantes têm que estar cientes, que ambos os componentes (cultura vs combate) são importantes, pois conjugam-se numa globalidade do indivíduo.

 

 

RESPONSÁVEL:

Ricardo Silva